O povo cigano não tem até os dias
de hoje uma linguagem escrita, fica quase impossível definir sua verdadeira
origem, assim como, fazer um estudo histórico, desde os seus primórdios, com um
número suficiente de dados, para garantir a autenticidade.
A hipótese mais aceita é que o povo cigano teve seu berço na civilização da
Índia antiga, num tempo que também se supõe como muito antigo talvez dois ou
três milênios, antes de Cristo. Os pesquisadores e estudiosos compararam o
sânscrito, que era o idioma usado na linguagem escrita e falado na Índia, um
dos mais antigos idiomas do mundo, com o idioma falado pelos ciganos e
encontraram muitas palavras com o mesmo significado, daí ter sido levado a
concluir que o povo cigano se originou da Índia.
Fortalece essa hipótese com a aparência dos ciganos, como tez morena, comum aos
hindus e ciganos, gostos por roupas vistosas e coloridas, e princípios
religiosos como a crença na reencarnação e na existência de um Deus pai
absoluto.
Tanto para o hindu como para o cigano possuem sentimentos muitos fortes sobre a
religião, as leis divinas, sua execução, procedimentos, infrações como
resultantes consequentes.
Outro fato que chama a atenção é a santa por quem nutrem o mais devotado amor e
respeito, chamada Santa Sara Kali. Para o Povo hindu, Kali é venerada como uma
deusa, que considera Mãe Universal, a Sombra da Morte. As duas têm pele negra. E força destruidora de
negatividade e os maléficos que possam atingir seu povo.
O gosto pela dança e a função ritualística da mesa em várias situações, a forma
recatada das mulheres não expondo o corpo, são similaridades entre os dois
povos.
Desde a sua chegada a terras europeias uma
das faces da comunidade cigana que mais chamou a atenção dos demais povos era a
sua estranha língua, muito diferente das faladas na Europa. A primeira
reprodução escrita do romani remonta a uma enciclopédia de
título: First Book of the
Introduction of Knowledge. (Primeiro
livro de introdução ao saber) escrito por Andrew Boorde. Esta obra, completada
em 1542 e publicada em 1547, recolhia
exemplos de frases do que o autor chamava Egipt speche (Fala
egípcia), dando por válida a crença popular de que os ciganos procediam do Egito.
Durante os dois séculos seguintes aparecem mais
menções escritas da língua romani. Na Espanha, o marquês de Sentmenat publicou em 1750 um pequeno
vocabulário do romani falado na Península Ibérica.
Um dos primeiros ou o primeiro documento em que se
propõe identificar a língua romani como uma língua indiana é um trabalho de
Szekely de Doba na Gazeta de Viena em 1763. Neste artigo,
comentou que o predicador Vali, que na universidade de Leiden estudou o
idioma de uns estudantes de Malabar do distrito de Zigânia, nome que lhe
recordou o dos zíngaros e que posteriormente expôs o vocabulário a ciganos de
Almasch (Komora, Eslováquia), comprovando que estes entendiam as
palavras.
Em nível acadêmico, o descobrimento da origem indiana
do romani corresponde ao alemão Johann Rüdiger, catedrático
da Universidade de Halle-Wittenberg, que em 1782 publicou
um artigo de investigação linguística, no que
analisava a fala de uma mulher cigana, Barbara Makelin, e a comparava com a
língua recolhida numa gramática alemã do hindustani (o nome pelo que se conhecia antigamente os
atuais hindi e urdu). No seu
artigo, Rüdiger reconhecia a influência nas suas investigações do dicionário de
romani de Hartwig Bacmeister, de 1755, a quem já
em 1777 comunicara as suas ideias,
assim como a sua dívida com seu professor Christian Büttner, que anos antes
aventurara a possibilidade duma origem indiana ou acaso afegã dos ciganos. Entretanto,
foi Rüdiger que estabeleceu, mediante a sua comparação entre a descrição
gramatical do hindustani e a fala de Barbara Makelin, que as similitudes entre
ambas variedades linguísticas evidenciavam uma origem comum.
Estudos
subsequentes da língua romani mostraram um estreito parentesco com o punjabi e o hindi ocidental,
tanto no seu vocabulário fundamental como nas suas estruturas gramaticais e nas
mudanças fonéticas. As investigações de Alexandre Paspati (Études sur les Tchinghianés, publicado em Constantinopla em 1870), de John
Sampson (The dialect of the gypsies of
Wales, 1926) e dos suecos Gjerdman e Ljungberg (A língua do cigano sueco trabalhador do
cobre Dimitri Taikon, publicado em 1963) evidenciam que existe uma unidade dentro
do romani que se estende por toda Europa. Os estudos
citados recolhiam mostras do romani grego, galês e sueco, respectivamente. Fica
demonstrado assim que o vocabulário básico coincide de modo relevante.
Não se
transcreve a grafia original:
Português: grande.
Hindi: bara;
Greco-romani: bara;
Romani galês: baro;
Romani kalderash (sueco): baró.
Português:
cabelo.
Sânscrito: vála;
hindi: bal;
greco-romani:
bal;
romani galés:
bal;
romani
kalderash (sueco): bal.
Determinadas
características gramaticais indianas mantém-se no romani contemporâneo (e
algumas inclusive no caló espanhol atual):
O final em -e para o masculino e em -i para o feminino.
A formação de abstratos por
junção de -ben ou -pen: taco (certo) converte-se em taciben (verdade).
Substituição
do genitivo por um final adjetivado: dadésko
gras (o cavalo do pai onde dad é
pai e gras cavalo).
Fonte: pt.wikipedia.org/wiki/História_do_povo_cigano
Os estudos genéticos e linguísticos parecem
confirmar que os roma são originários do subcontinente Indiano, possivelmente da região
do Punjab. A causa da sua diáspora (deslocamento) continua sendo um mistério. Algumas teorias sugerem que foram
originalmente indivíduos pertencentes a uma casta inferior
recrutados e enviados a lutar ao oeste contra a invasão muçulmana. Ou talvez, os próprios
muçulmanos conquistaram os roma, escravizando-os e trazendo-os para o oeste,
onde formaram uma comunidade separada.
Esta
última hipótese baseia-se no relato de Mahmud de Ghazni, que informa sobre 50 mil prisioneiros durante a invasão turco-
persa do
Sindh e do
Punjab. Por que os roma escolheram
viajar para o oeste em vez de regressar para a sua terra é outro mistério, se
bem que a explicação pode ser o serviço militar sob o domínio muçulmano.

O que é aceito
pela maioria dos investigadores é que os ciganos poderiam abandonar a
Índia em torno do ano
1000, e atravessar o que agora é o
Afeganistão,
Irã,
Armênia e
Turquia. Vários povos
similares aos
ciganos vivem hoje em dia na Índia, aparentemente originários do estado
desértico de
Rajastão, e à sua vez, povoações ciganas reconhecidas como tais pelos próprios
roma vivem, todavia, no
Irã, com o nome de
lúrios.
Partiram em
direção à
Pérsia onde se dividiram em dois ramos: o primeiro, que tomou rumo oeste,
atingiu a
Europa através da
Grécia; o segundo partiu para o sul, chegando à
Síria,
Egito e
Palestina.
No
século XII, os ciganos
enfrentaram o avanço dos muçulmanos, que tentaram impor sua religião na Índia[
carece de fontes], e lutaram contra os
Sarracenos por
muitos séculos, inclusive durante a
Idade Média.
Apesar de que
as provas documentais começam a ser fiáveis só a partir do
século XIV, alguns
autores contemporâneos rebaixaram a data do ano
1000 e inclusive antes. Certas referências
sugerem que as primeiras referências escritas da existência do povo rom são
anteriores: um texto que relata como Santa
Atanásia de Egina repartiu comida em
Trácia a uns "estrangeiros chamados
atsinagi" (do
grego Ατσίνγανος') durante a escassez do
século IX, em plena
época bizantina.
Inclusive
antes, nos primórdios do mesmo século, no ano
803,
Teófanes o Confessor escreve que o imperador
Nicéforo I usa mão
de obra de certos
atsigani, que
com a sua magia, ajudariam-no a conter uma revolta popular.
"Atsinganoi" foi
um termo usado também para referir-se a adivinhadores ambulantes e
ventríloquos e
feiticeiros que visitaram ao imperador Constantino em
1054. Um texto hagiográfico ("Vida de São
Jorge anacoreta") refere como os "atsigani" foram chamados
por
Constantino para ajudá-lo a limpar as fragas de feras. Mais tarde, seriam
descritos como feiticeiros e malfeitores e acusados de intentar envenenar
o
galgo favorito do imperador. A extensão desse termo geraria os modernos
substantivos tzigane, Zigeuner, zingarie zíngaros.
Um relato histórico-lendário
do
século X titulado Crônica Persa, de Hazma de Ispaham, menciona a
certos músicos solicitados ao rei da Índia, aos que chamou zott.
O Livro dos Reis (ou
Shahnameh, datado
de
1010), do poeta
Ferdusi conta uma história similar: vários milhares
de Zott, Rom ou Dom ("homens") partiriam do
atual
Sindh (pode ser do rio
Indo) com objetivo de entreter o rei da
Pérsia com os seus espetáculos.
A partir daí,
depois de uma longa estância nessa região, e já descritos como um povo que
rejeitava viver da agricultura, espalhar-se-iam em dois grupos migratórios: o
primeiro, que tomou rumo oeste, atingiu a
Europa através da
Grécia; o segundo partiu para o sul, chegando à
Síria,
Egito e
Palestina.